quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

.Gosto quando sei que queres meu beijo
Sinto que te uso
E sendo usada, fecho os olhos
Desejando a culpa de amar somente aos espelhos.

.Teu amor é como uma farpa em meus dedos
Sei que o incômodo é passageiro
E me faz lembrar que sim, estou viva!
E que nasci pra ser morta.

.Num futuro fora do tempo e do espaço,
Pressinto a aspereza de nossas línguas de gato
Elas se amam ao mesmo tempo 
Que se arranham e se matam.

.Pois tu, ó homem prático!
Abriu-me um buraco doce no peito
E sempre que sentes vontade, vens
Beber o leite de meus seios 

.O pão, o vinho, a mesa farta
Isso já não basta e não acalentam tua alma
Vestes uma armadura de ferro, montas na cela de um cavalo
E vais à guerra, famigerado.

.Voltas desgraçado
Imagino o que devas ter passado
Quando sem usar talheres ou prato
Estraçalhas minha carne nos teus tentes afiados.

.Se os sete dias não sangram,
Sei no meu âmago:
-Eis que urge um mundo!
Eu sou Deus,
E as criaturas, os homens.